Tatuadores:
artistas,
psicólogos ou conselheiros amorosos?
Mitos, ritos e
causos do mundo da
tatuagem se reúnem no ABC Paulista para o Tattoo Art
Festival, dias 27, 28 e 29
de abril
A história se
repete pelos estúdios de tatuagem: basta o cliente entrar na
sala para iniciar
o desenho e ele se transforma em um paciente, a maca vira um
divã e o tatuador,
muitas vezes sem querer, torna-se uma espécie de psicólogo,
conselheiro amoroso
ou ao menos um amigo de infância.
“O fato é que para todo desenho, há uma boa
história por trás”, conta
o tatuador Roberto Ferraraccio, o Saddam, profissional há
19 anos e organizador
do 2º Tattoo Art Festival, maior evento do segmento no
país, que acontece nos
dias 27, 28 e 29 de abril em São Bernardo
do Campo, no ABC Paulista.
Aos que tiverem
tempo para ouvir as histórias, o evento será um prato cheio.
Serão ao cerca de
180 expositores, vindos de ao menos sete Estados brasileiros
e cinco países
diferentes. Alguns deles, reconhecidamente ótimos
“contadores de causos” do
mundo da tatuagem.
As histórias podem ser tristes, de superação ou
alegres, mas em geral,
têm carga alta de emoção. “Me marcou bastante o caso de um
jovem que foi fazer
uma tatuagem em homenagem ao pai, que havia morrido. Ele
me explicou que a
relação entre os dois sempre foi muito difícil, mas houve
uma reconciliação no
leito de morte. Ele resolveu fazer a tattoo após o
nascimento do próprio filho,
quando diz que aprendeu o significado de ser pai”, conta
Saddam.
O aumento do
leque de pessoas que passaram a freqüentar estúdios de
tatuagem também faz com
que as histórias se diversifiquem. Saddam lembra bem de uma
senhora , de 62,
que gosta de tatuar em locais inusitados. A regra dele é que
o desenho tem que
aparecer mesmo no inverno e, por conta disso, já são mãos e
antebraços tatuados.
“Na última vez, ela chegou
querendo um escorpião do
lado direito do pescoço, para aparecer quando estivesse ao
volante. A
orientamos a fazer uma rosa, por ser menos agressiva, já que
uma tatuagem no
pescoço choca as pessoas. Saiu feliz da vida”.
Parte dos
profissionais presentes no evento se reunirá nos workshops
montados pela
organização. Serão três cursos, sendo um deles gratuitos,
com o tema “mídias sociais”. O reconhecido
tatuador peruano Camilo Tuero
vai ministrar o curso de “realismo colorido”, enquanto
Bruno Paiva estará à
frente do workshop de “desenho da figura humana”.
Lendas
urbanas
“Não é raro as pessoas
que fazem a segunda
tatuagem já marcarem para a mesma sessão, ou em dias
próximos, a terceira”, conta
Saddam. Levando em conta que no Brasil, hoje, o custo médio
de uma tatuagem é
R$ 400, é possível ter noção deste impacto.
“Ter número par
de tatuagens dá azar” ou “Tatuar o nome do parceiro traz
azar ao
relacionamento”. Se você é tatuado ou conhece alguém que
seja, com certeza já
ouviu alguma destas afirmações. Embora não tenham qualquer
fundamento, crenças
como estas mexem com o mercado, contam tatuadores.
A origem desta
crença é desconhecida, mas duas hipóteses são mais
consideradas. Segundo uma delas,
o costume vem da antiga civilização egípcia, onde tatuagens
eram bastante
comuns. Mas há quem acredite que algarismos pares têm alguma
relação com o “666”, conhecido como o
“número
da besta”.
Quanto à lenda
do mau agouro aos casais, há vantagens e desvantagens para o
mercado. Enquanto
alguns, mesmo com vontade, evitam tatuar algo relacionado ao
grande amor,
outros o fazem e, quando o relacionamento termina, voltam
para fazer outro
desenho no lugar.
O
organizador
A organização
do Tattoo Art festival tem assinatura do tatuador Roberto
Ferraraccio, 34, que
atua profissionalmente há 19 anos. Em 2000 montou seu
primeiro estúdio, em São Bernardo do
Campo, mas ele só funcionava na parte da noite, já que
atuava como web designer
em um banco. Em 2002, tomou a tatuagem como profissão.
Desde então,
passou priorizar a presença em eventos e convenções sobre o
tema. Foram 15
participações nos últimos sete anos, tendo conquistado seis
prêmios
individuais. Atualmente, após anos de estudo empírico e
aquisição de know how,
decidiu organizar o próprio
evento.
“Para ser um
bom tatuador, o pecado é ficar parado. É necessário tatuar e
estudar sempre”,
afirma.
Ficha Técnica do
evento:
2º Tattoo Art
Festival
Quando: 27, 28 e 29 de
abril, das 12h às 22h
Onde: Pavilhão Vera Cruz
Endereço: Avenida Lucas
Nogueira Garcez, 756, São
Bernardo do Campo
Entrada: R$ 15 ou R$ 10 + 1kg
de alimento não
perecível (crianças menores de 12 anos têm entrada gratuita)
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